Apostas para Previdência e juros respaldam viés positivo mas volátil na bolsa em julho

SÃO PAULO (Reuters) - Estrategistas começam o segundo semestre com viés relativamente otimista para a bolsa brasileira, conforme veem a reforma da Previdência no país perto de ser aprovada na Câmara dos Deputados e possibilidade de corte nos juros pelo Banco Central.
"A aprovação da reforma sinaliza um cenário fiscal mais consolidado e pode levar as taxas de juros reais de logo prazo mais para baixo", afirmou a equipe do BTG Pactual liderada por Carlos Sequeira, em relatório enviado a clientes.
"De fato, a queda das taxas reais de longo prazo pode fazer com que o Ibovespa negocie um desvio padrão acima de seus 119 mil pontos de média histórica", estimou.
No mês passado, o Ibovespa acumulou alta de 4%, encerrando o primeiro semestre com valorização de 14,9%. Por volta das 11:00, marcava 101.942,09 pontos, com elevação de 0,97%.
A comissão especial da Câmara pode votar nesta semana o parecer do relator da reforma da Previdência, que seguirá na sequência para o plenário da Casa. Mas após recentes atrasos, não se descarta que fique para após o recesso, ou seja, agosto.
"Isso pode trazer um pouco de volatilidade para julho", acrescentou a equipe da XP Investimentos, liderada por Karel Leketic, também em relatório a clientes com as recomendações para o mês.
A XP ressalta, contudo, que continua enxergando a aprovação da reforma com uma economia de pelo menos 700 bilhões de reais em 10 anos como o cenário base, "o que sustenta a nossa tese estruturalmente positiva para a bolsa."
O BTG calcula uma economia entre 700 bilhões e 800 bilhões de reais em 10 anos.
Além da reforma, a equipe da BB Investimentos destacou que alguns sinais de que uma eventual redução na taxa de juros no Brasil possa ocorrer nas próximas reuniões do Copom ficaram mais claros no decorrer das últimas semanas.
"O novo patamar que a bolsa atingiu em junho...decorre do entendimento de que...esse novo contexto de expectativa de juros tenha peso preponderante na determinação da taxa de desconto utilizada na avaliação das companhias", acrescentou.
Em relatório a clientes, eles revisaram a pontuação alvo do Ibovespa em 2019 para 110 mil pontos.
Do cenário externo, as atenções seguem voltadas para os bancos centrais dos Estados Unidos e da Europa e potenciais corte de juros, dadas as expectativas de menor crescimento global em um ambiente de inflação sob controle.