Selic é mantida em 2% ao ano e Copom sinaliza preocupação com risco fiscal afetar inflação

O Comitê de Política Monetária (Copom) manteve, nesta quarta-feira, a taxa básica de juros em 2% ao ano. A decisão foi unânime e confirma a expectativa do mercado de manutenção do atual patamar da taxa, que está na mínima histórica.
O comunicado manteve a “prescrição futura”” (foward guidance), mantendo o trecho “o espaço remanescente para utilização da política monetária, se houver, deve ser pequeno", para indicar possibilidade de novo corte.
"O Copom avalia que essas condições seguem satisfeitas: as expectativas de inflação, assim como as projeções de inflação de seu cenário básico, encontram-se significativamente abaixo da meta de inflação para o horizonte relevante de política monetária; o regime fiscal não foi alterado; e as expectativas de inflação de longo prazo permanecem ancoradas."
O BC "ressalta que, em seu cenário básico para a inflação, permanecem fatores de risco em ambas as direções".
"Por um lado, o nível de ociosidade pode produzir trajetória de inflação abaixo do esperado, notadamente quando essa ociosidade está concentrada no setor de serviços. Esse risco se intensifica caso uma reversão mais lenta dos efeitos da pandemia prolongue o ambiente de elevada incerteza e de aumento da poupança precaucional.
Por outro lado, o prolongamento das políticas fiscais de resposta à pandemia que piorem a trajetória fiscal do país, ou frustrações em relação à continuidade das reformas, podem elevar os prêmios de risco. O risco fiscal elevado segue criando uma assimetria altista no balanço de riscos, ou seja, com trajetórias para a inflação acima do projetado no horizonte relevante para a política monetária."
O Copom sinaliza preocupação com a escalada do índice de preço no curto prazo. Na última sexta-feira, o IPCA-15 de outubro acelerou para 0,94% sobre o mês anterior, acima da previsão de 0,83% dos economistas. Mas mantém avaliação da última reunião, que o choque de preços é temporário.
A deterioração fiscal e a alta nos preços tornaram o balanço de risco ligeiramente assimétrico à alta inflação, apesar de a expectativa de inflação continuar benigna para este e próximo ano. No último Boletim Focus, a estimativa do IPCA em 2020 foi de 2,65% para 2,99%, ainda abaixo do centro da meta de 4%, enquanto de 2021 foi para 3,10%, também abaixo da meta de 3,75%.
Mesmo assim, O colegiado sinaliza que a conjuntura atual "prescreve estímulo monetário extraordinariamente elevado", devido à alta capacidade ociosa da economia e uma projeção de forte contração no PIB este ano, de 4,81% de acordo com a última edição do Boletim Focus.
Isso significa que não há perspectiva para início de um ciclo de aperto monetário, a não ser que a trajetória fiscal e a perspectiva de inflação fiquem pior ao projetado e deteriorem a expectativa de inflação futura.
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