Publicado por Admin em 17/03/2021 às 18:52

Copom sobe Selic aos 2,75% ao ano, primeira alta em 6 anos

O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) subiu nesta quarta-feira (17) a meta para os juros básicos (Selic) em meio ponto, aos 2,75% ao ano. O patamar anterior era a mínima histórica alcançada pela taxa de referência no Brasil, habitada desde agosto do ano passado. A decisão foi unânime.

Demorou, mas chegou. A última vez em que a Selic havia sido erguida foi em 2015, quase seis anos atrás, aos 14,25% ao ano. Passou a cair a partir de 2016, com alguns intervalos de pausa, até os 2% ao ano agora abandonados.

Uma minoria entre analistas acreditava que, mesmo com a atividade econômica em contração, seria preciso um "choque de juros" para esfriar os preços, com uma alta na Selic de 0,75 ou mesmo um ponto. E o choque chegou.

A decisão tomada pelo BC ficou desalinhada, dessa forma, da maior parte das apostas aferidas pelo Valor Data, que mirava num ajuste de meio ponto para cima. Em linhas gerais, seria um meio do caminho entre uma economia fragilizada por inevitáveis restrições de mobilidade para salvar vidas, e carente ainda de uma taxa estimativa, e uma inflação outrora vista com "temporária", mas que não vai embora.

A alta no custo de vida medida pelo IPCA de fevereiro apontou para 5,20% em 12 meses. Está a bem além do centro da meta perseguida pelo BC neste ano, de 3,75% ao ano até dezembro. E a apenas um triz do topo da meta de 5,25% ao ano.

O principal vilão da inflação nos primeiros desses 12 meses foi o preço dos alimentos. Com as principais economias reagindo em grande parte na base de incentivos ao consumo, commodities agropecuárias sofreram forte choque de demanda global. E a "lei da oferta e da procura" tratou de agir jogando preços ao alto.

Além disso, riscos de várias ordens, entre sanitários, políticos, fiscais e ambientais, afugentam a moeda americana do país. Assim, produzir internamente em reais e vender em dólares virou um baita negócio para o produtor local, que prefere exportado boa parte de sua produção. Se mais escassos aos brasileiros, mais caros. De novo, a maldita da "lei" sendo implacável.

Mais recentemente, a vilania da alta generalizada dos preços tem sido da gasolina. De um lado, o choque de demanda internacional citado acima também impulsionou a compra de petróleo, que entrou em rali (sem hora para acabar) e puxa preços de combustíveis junto dele. De outro, a alta do dólar interfere nesse ritmo, por também compor parte significativa do preço da gasolina.

A alta da Selic, neste momento, foca menos em coibir o consumo local, já que juros a 2,75% ao ano seguem bem abaixo do que se poderia chamar de um "aperto monetário". Para isso, nos cálculos mais recentes do BC, seria preciso juros ao ano além dos 6%. Esta alta de juros foca nessa frente cambial. Com eles mais altos, o retorno oferecido pela renda fixa brasileira passa a se tornar mais alinhado a toda sorte de riscos oferecidos aqui. E, dessa forma, mais dólares podem ser atraídos ao país ou menos afugentados. O que, por sua vez, pode pressionar o seu preço em reais para baixo.

Por Valor investe


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