De Petrobras a Madero, um guia das ofertas de ações em 2020

Por Vinícius Andrade, André Romani e Igor Sodre
Para quem quer investir na bolsa brasileira, as próximas semanas vão trazer a oportunidade de uma década.
Graças aos esforços do governo em vender ativos e a um rali recorde no Ibovespa em meio a taxa de juros na mínima histórica, o mercado de ações deve movimentar R$ 39,5 bilhões em ofertas nas próximas semanas, incluindo a maior transação desde 2010.
O BNDES lidera o movimento, com seus planos de vender uma fatia de cerca de R$ 23 bilhões na Petrobras, e a promessa de se desfazer de sua participação na JBS.
A expectativa de bancos, como Santander Brasil e o Bank of America, é de que 2020 seja o melhor ano já registrado para ofertas de ações no Brasil. O presidente do Credit Suisse no Brasil, José Olympio, disse que as operações podem somar R$ 200 bilhões no ano.
“O pipeline é muito bem-vindo, especialmente em um momento em que a migração de produtos de renda fixa para o mercado de ações está forte”, disse Frederico Sampaio, diretor de investimentos da Franklin Templeton no Brasil.
Abaixo a lista com as ofertas anunciadas:
Petrobras
BNDES está se desfazendo de suas ações ordinárias na Petrobras, em uma oferta gigantesca que pode vir a ser a maior desde 2010 -- quebrando um recorde da própria estatal. O banco de fomento tem uma participação de cerca de 10% em ações ordinárias da petroleira e pode vendê-la completamente na operação, que será realizada no Brasil e nos EUA.
- Tamanho estimado: Com base no preço de fechamento de 20 de janeiro, de R$ 31,98 por ação, a operação (incluindo lote adicional) pode movimentar até R$ 23,48 bilhões
- Data para definição de preço: 5 de fevereiro
Mitre Realty
Construtora com foco em média renda, a Mitre entrou com pedido de abertura de capital, em um momento que o setor imobiliário no Brasil está aquecido, com economistas dizendo que este será um destaque na recuperação econômica esperada para este ano. A empresa e o acionista Jorge Mitre estão vendendo ações.
- Tamanho estimado: Com base na faixa de preço indicativa (entre R$ 14,30 e R$ 19,30), a oferta pode movimentar até R$ 2,04 bilhões
- Data para definição de preço: 3 de fevereiro
Locaweb
A companhia de serviços de internet Locaweb entrou com pedido de IPO. Empresa e acionistas vão ofertar ações. O fundo de private equity Silver Lake, que tinha anunciado um investimento na Locaweb em 2010, planeja se desfazer de sua fatia.
- Tamanho estimado: Com base na faixa de preço indicativa (entre R$ 14,25 e R$ 17,25), a oferta pode movimentar até R$ 1,40 bilhão.
- Data para definição de preço: 4 de fevereiro
Moura Dubeux Engenharia
Outra construtora que pretende abrir capital, a Moura Dubeux tem sua operação concentrada no Nordeste. A empresa pretende usar os recursos levantados pela venda de ações para reduzir a alavancagem e adquirir terrenos.
- Tamanho estimado: Com base na faixa de preço indicativa (entre R$ 17 e R$ 21), oferta pode movimentar até R$ 1,45 bilhão
- Data para definição de preço: 10 de fevereiro
Cogna Educação
A Cogna, antiga Kroton, anunciou a realização de uma oferta primária de ações. A companhia pretende utilizar os recursos levantados na operação para a aquisição de ativos na área de educação superior e a otimização de sua estrutura de capital.
- Tamanho estimado: Com base no preço de fechamento de 31 de janeiro, de R$ 11,62 por ação, a oferta pode movimentar (incluindo lote adicional) até R$ 2,7 bilhões
- Data para definição de preço: 11 de fevereiro
Priner Servicos Industriais
Em um dos menores IPOs já registrados no país, a Priner e um de seus acionistas estão vendendo ações da companhia, que fornece serviços para empresas de petróleo, gás e mineração
- Tamanho estimado: Com base na faixa de preço indicativa (entre R$ 10 e R$ 13), oferta pode movimentar até R$ 384 milhões
- Data para definição de preço: 13 de fevereiro
Outras ofertas esperadas:
JBS
BNDES deve vender uma parcela dos 21,3% de participação que possui na JBS. Bruno Boetger, diretor executivo do Bradesco -- um dos bancos escolhidospara coordenar o negócio -- estima que a operação pode movimentar até R$ 8 bilhões.
BR Distribuidora
Petrobras disse que está estudando um desinvestimento adicional na BR Distribuidora. A petroleira, atualmente, possui 37,5% de participação na companhia, após vender uma fatia majoritária no ano passado.
Subsidiárias da Caixa
Caixa Econômica Federal está planejando IPOs para dois de seus negócios neste ano: suas unidades de seguros e de cartões. No caso da Caixa Seguridade, a abertura de capital é esperada para abril. O presidente da Caixa, Pedro Guimarães, disse esperar que a operação seja de tamanho similar a do BB Seguridade, do Banco do Brasil, que estreou no Ibovespa em 2013 ao vender R$ 11,5 bilhões em ações.
Banco BV
Banco BV, antigo Banco Votorantim, está planejando uma oferta pública inicial de ações, que deve ser composta por vendas primárias e secundárias. Os sócios da instituição Banco do Brasil e a família bilionária Ermírio de Moraes pretendem vender uma fatia de R$ 2 bilhões cada no BV, segundo o jornal O Estado de S. Paulo.
Celulose Irani
A companhia de celulose que opera no Rio Grande do Sul, disse que está estudando uma potencial oferta de ações e que contratou BTG Pactual, Credit Suisse e XP Investimentos para coordenar a operação.
Vasta
Cogna estuda realizar um IPO nos EUA de sua subsidiária Vasta, que oferece produtos educacionais voltados para o ensino fundamental e médio.
Madero
A rede de hamburguerias planeja levantar cerca de R$ 3 bi com um IPO nos Estados Unidos, a ser realizado no terceiro trimestre deste ano, disse o fundador da companhia, Junior Durski, em entrevista.