Publicado por Admin em 26/02/2020 às 17:29

Ativos têm ajuste para pior com propagação do vírus: Mercado Hoje

(Bloomberg) --


A volta do carnaval obrigou os ativos brasileiros a fazerem um ajuste de dois dias de aversão ao risco no exterior, quando aqui era feriado e novos casos de contágio por coronavírus aumentavam fora da China, incluindo Brasil. O resultado não podia ser outro: alta do dólar e dos juros futuros, baixa na bolsa. A bolsa sofre mais e perde o patamar de 106.000 pontos, depois de ter fechado na sexta-feira acima de 113.000. É a maior queda desde 18 de maio de 2017, com a crise da JBS diante da divulgação de áudios de Joesley Batista. Para o mercado de câmbio, segundo analistas, o resultado teria sido pior se o BC não tivesse anunciado, desde antes da reabertura dos negócios, leilões de US$ 1,5 bi em swaps cambiais hoje e amanhã. Ainda assim, o dólar renovou recorde intradiário e caminha também para nível máximo histórico de fechamento. O avanço do dólar puxou para cima a maioria dos juros futuros, especialmente dos contratos mais longos. E o imbróglio do compartilhamento feito pelo presidente Bolsonaro de um vídeo que convoca para protestos em 15 de março não ajudou, ainda que não tenha sido o fator preponderante dos movimentos do mercado.


IBOVESPA


cai mais de 7% na volta do feriado, que teve dias marcados por fortes perdas das bolsas no exterior com o aumento de infecções pelo coronavírus. Índice opera abaixo dos 106.000 pontos e caminha para fechamento na maior queda desde 18 de maio de 2017, data conhecida como ‘Joesley Day’, que desencadeou uma crise política após a divulgação de conversa entre o ex-presidente Michel Temer e o empresário Joesley Batista. Nos últimos dois dias, o S&P caiu mais de 6%, e os ADRs da Petrobras e Vale, mais de 8%, com o alastramento do vírus para outros países, como a Itália. Hoje, os índices em NY ensaiaram alguma recuperação, mas agora operam perto da estabilidade após autoridades dos EUA e Alemanha alertarem que o coronavírus está no caminho para se tornar uma pandemia. O Brasil confirmou o primeiro caso da doença.

“Teremos algumas semanas de notícias ruins que vão atrapalhar a percepção dos investidores sobre qual será o impacto na economia, lá fora e aqui”, diz Wagner Salaverry, gestor de renda variável da Quantitas Gestão de Recursos

“Aqui no Brasil, a grande questão será quanto a economia vai ser afetada na retomada que já era fraca”

Vale e Petrobras eram as principais contribuições para queda do índice em pontos às 17:08; nenhuma ação subia neste horário

Vale tem queda perto de 10%; navio sul-coreano carregado de minério da empresa e que seguia para a China corre risco de naufrágio no litoral do Maranhão, segundo o Estado

Azul e Gol desabam com temor de impacto do vírus nas operações

“As viagens caíram muito na China e vão cair em outros lugares, as pessoas vão viajar menos nos próximos meses”, diz Salaverry, da Quantitas

Cielo reverteu alta após ser única ação do índice a ocupar o terreno positivo em parte da sessão; segundo nota do dia 23 do colunista Lauro Jardim, no Globo, Stone e Cielo retomaram as negociações em meio a cenário de forte competição entre as maiores adquirentes

Em setembro/2019, as ações da Cielo dispararam após o mesmo colunista informar que o Banco do Brasil - um dos acionistas controladores da Cielo - estava em conversas com a Stone

Volume negociado somava R$ 24,2 bilhões às 17:09


DÓLAR


opera perto das máximas do dia e chegou a beirar R$ 4,45, rumo a novo recorde de fechamento, em correção aos dois dias ruins no exterior durante o feriado de Carnaval, diante da disseminação do coronavírus fora da China, incluindo o Brasil. Participantes do mercado dizem que alta não é maior porque BC anunciou, antes da reabertura dos negócios nesta quarta-feira, leilões de swap cambial hoje e amanhã, no total de US$ 1,5 bi, mostrando atenção aos movimentos do câmbio. Avanço do dólar puxa para cima maioria das taxas do DI FUTURO, com altas de mais de 10 pontos nos contratos de vencimentos mais longos.

BC colocou todos os 10.000 contratos de swap cambial no leilão de hoje e ofertará 20.000 nesta quinta-feira

BC já havia anunciado na semana passada a rolagem de até 13.000 contratos de swap para esta quinta-feira e a oferta de US$ 3 bi leilão de linha, também para rolagem, na sexta-feira

“A proatividade do BC em anunciar venda de swaps hoje ainda antes da abertura do mercado e já sinalizar nova intervenção amanhã parece ter ajudado de certa forma, mas a volatilidade deve permanecer até que haja mais clareza sobre a situação global, em particular com os casos mais recentes sendo reportados na Europa”, diz Roberto Secemski, economista para Brasil do Barclays

“Em caso de novas contaminações os ativos devem sofrer mais em meio às incertezas”

Reações “não poderiam ser diferentes” no mercado brasileiro, diante do aumento de casos fora da China, diz Patricia Pereira, economista da Mag Investimentos

Jair Bolsonaro chamou de “ilação” as reportagens sobre compartilhamento feito pelo presidente de vídeo que convoca para protestos no dia 15 de março

Maia disse que “criar tensão institucional não ajuda o país a evoluir”

“Somos nós, autoridades, que temos de dar o exemplo de respeito às instituições e à ordem constitucional. O Brasil precisa de paz e responsabilidade para progredir”

Secemski, do Barclays, diz que “a tensão causada com o Congresso não é positiva para o panorama das reformas, o que deve se refletir negativamente sobre o real”

Pesquisa Focus do BC apontou leve queda da projeção para o PIB em 2020 de 2,23% para 2,20%

Pesquisa, porém, refere-se à semana passada e não incorpora a deterioração mais profunda vista esta semana nos mercados


EXTERIOR


Bolsas americanas operam perto da estabilidade após perdas dos últimos dias provocadas por temores em relação à disseminação de infecções causadas pelo coronavírus fora da China. Rendimento dos Treasuries caem, índice dólar em leve alta.

Embora autoridades americanas tentem aliviar a preocupação com o vírus antes de fala de Trump sobre o tema, o presidente dos EUA e seus conselheiros consideram o coronavírus uma ameaça séria à saúde que justifica uma resposta completa, mas avaliam o risco do vírus nos EUA como mais comparável à gripe em termos da taxa de mortalidade, segundo pessoas familiarizadas com discussões internas

O surto de coronavírus que começou na China e se espalhou pelo mundo pode se tornar uma pandemia, alertou Peter Marks, chefe do Centro de Avaliação e Pesquisa em Biologia da Food and Drug Administration

Na China, uma série de indicadores preliminares da economia em fevereiro confirma que o surto de coronavírus afetou a produção e o consumo, já que as fábricas ainda operam abaixo da capacidade e o transporte é limitado

Petróleo retoma queda abaixo de US$ 50,00; futuros do minério de ferro cederam com alerta da Rio Tinto sobre impacto do coronavírus


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