Covid e briga do Bolsonaro com Congresso fazem Fitch cortar perspectiva do Brasil

Investing.com - A agência de rating Fitch cortou a perspectiva da nota do Brasil para 'negativa'. A visão anterior era 'neutra'.
O principal motivo da redução da perspectiva é a deterioração das contas públicas e a pressão na economia provocado pelo embate entre Congresso e o governo Bolsonaro e as incertezas do impacto e duração da pandemia do Covid-19.
Segundo a Fitch, esses fatores podem impedir a implantação de reformas econômicas após o fim da pandemia.
Para a agência, a saída de Moro e as acusações de interferência de Bolsonaro na Polícia Federal piora o cenário político.
O déficit nas contas públicas e o baixo crescimento dificultaram a resposta do Brasil neste período de estresse.
A nota foi mantida em BB-.
Projeções
A Fitch acredita que o Brasil vai contrair 4% em 2020, com possibilidade de ser ainda pior. Para o próximo ano, a projeção e de crescimento de apenas 3%.
O crescimento poderá ser afetado pelo resultado fiscal negativo e incertezas políticas e sobre as reformas.
O buraco nas contas públicas neste ano poderá chegar a 13% do PIB, segundo a Fitch, bem acima da média de 6,8% nos países que possuem a mesma nota BB-. Em 2021, o déficit deverá ficar em 6,5% do PIB.
A dívida deverá chegar a 89,4% do PIB, contra 75,8% em 2019. A média dos países BB- é de 58,4%. Se não houver medidas claras e firmes de controle, esse indicador deverá seguir subindo, segundo a agência.
A Fitch ressalta a importância da manutenção do teto de gastos e que desafios podem surgir com a intenção de aumentar o gasto público após a pandemia para recuperar o crescimento da economia.
Fatores
A Fitch indica que poderá rebaixar a nota brasileira se os dados fiscais piorarem ou as condições de financiamento da dívida ficarem mais restritas para o Brasil. Caso o governo dê sinais que conseguirá corrigir o rumo do déficit e o país voltar a crescer, a Fitch poderá rever a perspectiva e a nota.